MIRADOURO DA SERRETA
Entre água escura e céu, surge um território com a forma de uma elipse em permanente mudança, chamado Terceira. Esta ilha tem uma origem vulcânica complexa, que contribui para a preservação de muitas espécies da sua fauna e flora. O seu rico vegetal, natural e endémico, a altitude e o relevo acidentado, oferecem paisagens singulares que revelam a relação mais íntima entre a terra e os azuis do céu e do mar, pedindo que a arquitetura se ligue e coexista em equilíbrio com a natureza, para melhorar a vida do meio ambiente, dos ecossistemas e dos homens.
Os clássicos descreviam a natureza com quatro elementos básicos: fogo, terra, ar e água. As quatro raízes que, segundo Émpodocles, permanecem inalteráveis depois de todas as interações possíveis, que jamais deixam de ser o que são. O projecto propõe que o miradouro não seja apenas um percurso gerado por uma barreira funcional, mas um teste aos limites da ligação de uma empreitada humana aos quatro elementos da natureza. Nesse caminho, surgem esses quatro eixos e o imaginário que cada um convoca.
O material utilizado é a madeira carbonizada, uma forma de preservar a madeira com fogo, conhecido com shou sugi ban, que remete para a história destas terras vulcânicas, e coexiste de forma natural com o ecossistema em redor. É mais resistente ao clima, duradoura, livre de manutenção, e não usa toxinas ou produtos químicos. Esta escolha consciente dos materiais e preservação dos meios naturais permite capturar o carbono que é fundamental para o meio ambiente.
Localização_ Ilha Terceira, Açores
Ano_ 2022
Cliente_ Concurso
Equipa_ António Costa Almeida e Mariana Esteves